quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Paraskevia Popinhak



Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Paraskevia Popinhak nasceu no Brasil, às 6 horas do dia 24 de setembro de 1902, no município de Antônio Olinto, Paraná. Ela era a quinta filha de Oleksa Popiwniak, que tinha 48 anos na época de seu nascimento, e Anna Tataryn, com 40 anos. Não há atualmente muita informação sobre a sua infância. Entretanto, sabemos que pela tradição ucraniana, foi uma moça que aprendeu a observar os costumes da religião católica.

Com sua mãe, Paraskevia aprendeu a usar um lenço sobre a cabeça, uma tradição da Igreja Ortodoxa que reflete as chamadas "doutrinas corretas" dessa fé. A Igreja Ortodoxa compartilha doutrinas, tradições litúrgicas e práticas teológicas que preservam seus costumes históricos. Pessoas que a conheceram relataram que Paraskevia sempre manteve a tradição, usando lenço ou véu sobre sua cabeça.

Em 1.º de dezembro de 1923, aos 21 anos, Paraskevia casou-se com Theodoro Kresko em Antônio Olinto, Paraná. Após o casamento, a nubente passou a assinar como Paraskevia Kresko, omitindo o sobrenome Popinhak.

O casal teve pelo menos seis filhos, sendo cinco meninos e quatro meninas. Os nomes dados a eles são: Estefano, Nicolau, José, Catarina, Ana e Antonio.

Theodoro Kresko iniciou sua trajetória profissional como agricultor, uma ocupação que não lhe trouxe satisfação nem a remuneração necessária para sustentar a família. Posteriormente, tornou-se carpinteiro, especializando-se na construção de casas de madeira, uma das profissões mais requisitadas e comuns entre os homens do sul do Brasil nas primeiras décadas do século XX.

Theodoro viveu e trabalhou em Três Barras, Santa Catarina, e em Curitiba, Paraná. Decidiu se estabelecer em Três Barras, onde encontrou boas oportunidades de trabalho. Na cidade, também residiam seus cunhados, Gregório e Basílio, irmãos de sua esposa, Paraskevia.

Mais tarde, surgiu uma oportunidade de trabalho em Porto União, Santa Catarina. Após conversar com a família, Theodoro decidiu mudar-se com todos para Porto União, onde recomeçaram suas vidas.

Em Porto União, a família de Paraskevia se estabeleceu no Bairro Santa Rosa, próximo ao Quartel do 5.º Batalhão de Engenharia. A casa da família Kresko era de madeira, simples mas aconchegante. Havia no quintal várias árvores frutíferas e uma horta muito bem cuidada, outra herança cultural das famílias ucranianas. Aqueles que a conheceram lembram que ela usava lenço sobre sua cabeça e tradicionais vestidos ucraniano. Também foi observado que em Porto União, Paraskevia não frequentava mais a Igreja Ortodoxa Ucraniana, mas sim a Igreja Católica Romana. Aparentemente, não há ninguém atualmente que explique a razão da mudança de observação da doutrina.

Como toda boa mãe zelosa, Paraskevia dedicava-se à educação e aos bons conselhos para seus filhos. No entanto, segundo relatos da família, ela também enfrentou preocupações com um de seus filhos, Antonio Kresko, que tinha o hábito de consumir bebidas alcoólicas. Cinco anos após o falecimento da mãe, Antônio foi encontrado morto em uma valeta em Porto União.

Nos últimos anos de sua vida, ficou cega devido a complicações de diabetes, conforme diagnosticaram os médicos da época.

Ela passava grande parte do tempo deitada em seu quarto e, sempre que ouvia alguém entrar, perguntava:

— Quem está aí?

Não era necessário que o visitante se identificasse, pois Paraskevia reconhecia a pessoa apenas pela voz. Paraskevia faleceu em 1º de dezembro de 1971, aos 69 anos, na cidade de Porto União, Santa Catarina. O seu corpo foi sepultado no cemitério municipal do município de Porto União, onde passou os seus últimos dias.

Após o falecimento de Theodoro e Paraskevia, seus filhos e filhas permaneceram em Porto União e arredores até que, aos poucos, se dispersaram para outros centros. Em 1983, uma grande enchente atingiu a cidade, afetando severamente a residência da família no Bairro Santa Rosa, próximo ao Quartel do 5.º Batalhão de Engenharia. Os Kresko perderam quase tudo: roupas, móveis e objetos de valor, incluindo preciosas fotografias de Theodoro e Paraskevia. A tragédia deixou marcas profundas, e até hoje netos e bisnetos relembram aquele momento difícil.

Por essa razão, não há registros fotográficos de Paraskevia nos arquivos genealógicos da família Popinhak e Kresko. No entanto, sua memória permanece viva. Sua vida não foi em vão, e seu legado perdura, pois foi graças à sua determinação que as gerações seguintes prosperaram, cultivando conhecimento e mantendo-se fiéis aos valores essenciais para uma vida de dignidade e resiliência.


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